Os problemas das criança no Regresso às Aulas

Os problemas das criança no Regresso às Aulas. Para algumas crianças, regressar ou ingressar pela primeira vez na escola pode ser um pesadelo.

Com a aproximação do início do ano letivo vem a ansiedade de quem passou três meses com a família, longe de colegas e professores. Se na maioria dos casos as crianças apresentam uma inquietação normal por regressarem à escola e mostrarem a roupa nova e os materiais acabados de comprar, outras chegam a ficar «doentes» só de pensarem em voltar à rotina.

AS PREOCUPAÇÕES MAIS COMUNS DAS CRIANÇAS INCLUEM QUESTÕES COMO:

  • Quem e como vai ser o meu novo professor?
  • Será que algum dos meus amigos fica na minha sala?
  • Será que me vou adaptar à escola?
  • Será que vou ser aceite pelos meus colegas?
  • Será que vou ter companhia ao almoço?
  • Com quem me vou sentar?
  • E se não conseguir acompanhar a matéria?
  • E se acontece alguma coisa aos meus pais enquanto estou na escola?

Sentimentos de stresse e ansiedade face ao regresso às aulas são mais frequentes nas crianças que, por exemplo, mudam de escola ou que mudam de ciclo de escolaridade e, também, em crianças mais introvertidas e reservadas.

Embora se registem sentimentos negativos face ao regresso à escola em qualquer idade, são os mais pequenos, aqueles que entram pela primeira vez no ambiente escolar que se apresentam mais vulneráveis a este regresso.

A entrada no 1º ciclo é equivalente à entrada num mundo novo, repleto de pessoas diferentes, de novas rotinas e costumes. É como desbravar um caminho pela primeira vez. Neste caminho, a criança vai-se experimentando enquanto pessoa, colocando à prova a sua identidade e consolidando-a a cada curva do percurso.

Pelo percurso, a criança vai conhecendo pessoas novas (colegas, professores, funcionários) com as quais irá estabelecer, aos poucos, relações mais autónomas e diferenciadas. Esta fase precoce de escolaridade é também caracterizada pela definição da relação da criança com a escola, a qual será a sua “segunda casa” e para a qual irá dedicar diversas horas e muita energia – caso a adaptação seja adequada, a relação com a escola será, à partida, boa; caso a adaptação à escola seja difícil, a relação com a mesma poderá conduzir a algumas problemáticas.

Por ser um novo ambiente e por, cada vez mais, existir a constante pressão para os bons resultados, esta entrada no desconhecido pode ser muito stressante e assustadora. Ao ser vivido desta forma, a criança pode desenvolver sentimentos negativos relativamente a esta nova experiência, podendo conduzir a depressão, ansiedade e problemas do foro comportamental.

É fundamental ajudar a criança a compreender estes sentimentos e a desmistificar os medos e receios inerentes à entrada na escola, promovendo assim o seu bem-estar emocional e permitindo desenvolver a capacidade de obter sucesso escolar. E que para que isso aconteça, é importante que a criança tenha uma atividade física (que potencia o desenvolvimento cerebral e reduz os níveis de stress), uma alimentação adequada e equilibrada (que ajuda na regulação de energia e na capacidade de atenção e concentração), uma boa noite de sono (o descanso noturno alivia a luta contra o stress e tem impacto imediato no rendimento escolar durante o dia) e um acompanhamento ativo dos pais (para que juntos possam encontrar estratégias para combater as dificuldades e para que os filhos possam descobrir nos pais um porto seguro)! Dialogar com os filhos, adotando um discurso que promova a importância da aprendizagem e que reduza os aspetos negativos da escola, permite transmitir à criança que a escola é boa e que é um lugar onde se fazem várias descobertas que ajudam a compreender o mundo, na qual crescemos e nos desenvolvemos enquanto pessoas.

É importante descrever a escola como um lugar bom e repleto de experiências ricas, para que a criança se sinta mais entusiasmada e menos ansiosa.

É natural que os primeiros dias sejam os mais complicados. No entanto, se os pais continuarem a identificar manifestações de tristeza, recusa em ir para a escola, algum desinteresse e aborrecimento, manifestações de desilusão, flutuações de humor (com incidência no mau humor), sintomas físicos (como dores de cabeça, dores de barriga, náuseas e vómitos), aumento da agressividade e de comportamentos de violência com outras crianças, perda de peso e de apetite, enurese noturna, aconselha-se a procurarem um especialista de saúde mental pois possivelmente estes são sinais evidentes de que a experiência escolar está a decorrer com algumas dificuldades.

Daniel Martins

Psicólogo

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