O que é a PHDA?

O QUE É A PHDA?

É uma perturbação do neurodesenvolvimento caracterizada por DESATENÇÃO, no qual a criança tem períodos curtos de concentração, distrai-se facilmente e não consegue manter a atenção por longos períodos de tempo; por HIPERATIVIDADE, é muito agitada e irrequieta mesmo quando tal não é suposto; e IMPULSIVIDADE, ou seja, costuma reagir antes de pensar. Deve estar presente em diferentes contextos, sendo que nas crianças os mais frequentes são na escola e em casa, e não deve ser explicada por outra perturbação quer neurológica quer psiquiátrica (por ex., espetro do autismo, depressão, ansiedade).

A PHDA nas idades pré-escolares apresenta-se, sobretudo, com uma expressão hiperativa-impulsiva, associado frequentemente a comportamentos de oposição. Na idade escolar o quadro clínico evolui, e os sintomas de desatenção tornam-se mais evidentes e geram um maior impacto. Na adolescência e idade adulta, a agitação motora tende a diminuir, mas a desatenção e a impulsividade permanecem, e expressam-se sobretudo no desempenho académico e nas áreas de vida relacionadas com a autonomia e autocontrolo. A interferência na vida pessoal e social assume maior expressão.

Uma questão importante em relação ao diagnóstico da PHDA é que a sua expressão está associada ao género. A forma desatenta é mais frequente nas raparigas, por isso, é necessário olhar com atenção para as raparigas que, apesar de não perturbarem a aula, parecem aprender de forma mais lenta, ou se esforçam o triplo dos outros para resultados académicos inferiores. Será talvez por isso que as raparigas são diagnosticas, em média, 4 a 5 anos mais tarde do que os rapazes, ou seja, em plena adolescência, altura em que os sintomas depressivos ou ansiosos tomam conta do seu perfil de funcionamento.

Uma forma interessante de olhar para o problema é imaginar a criança com PHDA como sendo um carro sem travões:
* Incapaz de travar as distrações – desatento
* Incapaz de travar os desejos – impulsivo
* Incapaz de travar as ações – hiperativo

A PHDA faz-se muitas vezes acompanhar outras disfunções, ou associa-se a outros problemas. Conduz, com naturalidade, a estados de ansiedade, menor autoestima e depressão, pois o insucesso espreita a cada instante, por ex., uma criança desatente terá muita dificuldade em atingir o seu potencial de aprendizagem. Entre 20% a 30% das crianças com diagnóstico de PHDA terá uma perturbação de aprendizagem como dislexia (dificuldade na leitura), disortografia (dificuldade na escrita) ou discalculia (dificuldade no cálculo).

Um estudo europeu, publicado em 2013, avaliou o impacto da PHDA na qualidade de vida de 535 crianças em 6 países. As famílias das crianças com PHDA revelaram um impacto negativo em várias áreas de vida:
* Na Escola (45%)
* Rotinas diárias (35%)
* Vida social (34%)
* Em Casa (31%)
* Nas relações de amizade (30%)
* N as relações fraternas (28%)
* Com os pais (24%)

De forma mais global, podemos encontrar outros números:
* 50% de aumento de acidentes de bicicleta
* 33% de aumento de idas ao Serviço de Urgência
* 3 a 5 vezes mais divórcios dos pais
* 2 vezes mais utilização abusiva de drogas

Os efeitos também atingem os adultos, com consequências maus graves. Nos EUA os números mostram:
* 78% de aumento no consumo do tabaco
* 58% de uso ilegal de drogas
* 47% de aumento da probabilidade de duas ou mais multas de excesso de velocidade num ano
* 2 vezes mais risco de prisão
* 2 vezes mais divórcios
* 2 vezes mais instabilidade profissional

Tendo em conta a enorme influência na vida pessoal, relacional e profissional/académica, o diagnóstico e tratamento da perturbação resulta em mudanças tão importantes, que muitas vezes esse momento é visto como o início de uma “nova vida”. Por isso pretendo difundir este conhecimento quanto possível. NUNCA É TARDE PARA TRATAR UM PROBLEMA COM TAL IMPACTO.

Daniel Martins
Psicólogo/Neuropsicólogo

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